segunda-feira, 18 de outubro de 2010

UMA POLÍTICA PARA O CRACK

Em artigo publicado dia 18 de outubro no jornal O Globo, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira cobra mais empenho de todas as autoridades. “Nós estamos passando por uma epidemia de crack e não tivemos uma política para combater essa droga nos últimos dez anos. Primeiro, tem que haver uma política mais global, de desestímulo da produção do crack e também da cocaína na Bolívia, no Peru e na Colômbia. Tem que haver uma parceria com os vizinhos. O Brasil exporta para os produtores os insumos necessários para a produção de cocaína. É preciso criar um clima no continente de controle da produção de cocaína, e o Brasil pode fazer isso, é o grande consumidor e tem liderança na região.”

“O BNDES investe na Bolívia um dinheiro substancial. Qual é a contraparte que está sendo solicitada em relação à produção de cocaína? Nenhuma."

“No Brasil, você tem que fazer políticas de prevenção para o público-alvo, para os adolescentes. Não temos uma rede de tratamento para o crack, e isso é o mais grave. O usuário tem mais chances de parar na delegacia, preso, do que no tratamento. Se você tiver que internar alguém, onde você interna?”

“O usuário de crack é agressivo, inquieto. Temos que ter uma série de clínicas especializadas em dependência química, em várias regiões do País. Toda Capital deveria ter pelo menos uma enfermaria, com 20 a 30 leitos, exclusiva para os viciados, atendidos por profissionais especializados.”

* Ronaldo Laranjeira é médico psiquiatra, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e é PhD em Dependência Química na Inglaterra. É considerado um dos principais especialistas em dependência química do País e propõe, neste momento de transição governamental, que o Brasil faça políticas especiais para cada tipo de droga, principalmente o crack.

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